Oração Lakota (Sioux)

Oração Lakota (Sioux)

Wakan Tanka, Grande Mistério
Ensina-me a confiar
Em meu coração,
Em minha mente,
Em minha intuição,
Em minha sabedoria interna,
Nos sentidos do meu corpo,
Nas bençãos do meu Espírito,
Ensina-me a confiar nessas coisas
Para que eu possa entrar no meu Espaço Sagrado
E amar muito além do medo
E assim caminhar na beleza
Com o passo do glorioso Sol

Amigos do Blog Xamãs na Umbanda

sábado, 29 de junho de 2013

Médium de Umbanda



Sem dúvida nenhuma, a mediunidade ainda é um tema, que causa dúvidas e bastante polêmica entre os umbandistas. Volta e meia nos deparamos com superstições, mitos, medos, anseios, expectativas as mais diversas, de médiuns novatos e mesmo de alguns, que já possuem uma experiência mediúnica a bastante tempo.
Invariavelmente, também escutamos opiniões, declarações, testemunhos, e orientações sobre mediunidade e a sua prática, formatado por especulações, definidas por vivências pessoais e conceitos desenvolvidos através do achismo (“eu acho que…”).
Muitas vezes tomamos conhecimento de médiuns que são menosprezados nos seus trabalhos mediúnicos, considerados como médiuns que estão com nada, que cometem muitas gafes ou ratas no exercício da sua mediunidade e cujo o trabalho de suas entidades são assim, como que “pasteurizados”, ou sejam mantém um padrão de verossimilhança com trabalhos já realizados por entidades em outros médiuns, ou na casa que o médium frequenta.
Por maior que seja a abrangência e a difusão da mediunidade, hoje não mais reclusa aos centros espíritas e os templos umbandistas, as pessoas sempre esperam, no seu íntimo, o sobrenatural, o maravilhoso, o diferente se manifestar e atuar na prática mediúnica.
A busca pelo milagre está enraizado no inconsciente coletivo e o médium se vê transformado no milagreiro de plantão. Não só ele tem que ter êxito no que faz, mas se esse resultado puder ser acompanhado do fantástico, do inusitado e do espetacular melhor ainda.
Se a forma como os trabalhos são realizados pelas entidades, incorporadas em seus médiuns, não devem pecar pela padronização, com algo já visto ou vivenciado, o padrão já serve plenamente de fiel para se julgar o comportamento das entidades nesse médium, e por consequência o próprio médium. Em outras palavras, é necessário que as entidades se comportem como se espera que seja o seu comportamento.
Assim, o vocabulário, a manifestação, as ações e reações de uma entidade devem estar dentro do padrão geral, reconhecido para aquele tipo de entidade, senão o pobre médium é que leva a pior.
Vejamos o exemplo de uma entidade Criança ou Erê, como muitos denominam, existem dois padrões reconhecidos para a manifestação desse tipo de entidade: um é de criança, criança mesmo (período infantil), o outro é a criança pré-adolescente. Para cada tipo de padrão das possíveis manifestações da entidade Criança esperasse que as mesmas reproduzam o comportamento adequado. Assim, uma criança infantil, deve ser traquina, gostar de doces, balas e confeitos, falar miudinho como criança, e somente ter atitudes correlatas a qualquer criança encarnada, da idade que ela representa. As de manifestações pré-adolescentes, podem ter um vocabulário maior, brincadeiras mais elaboradas, discutir alguns assuntos mais adultos, ingerir bebidas alcoólicas e fumar.
Por conta desse rígido padrão de comportamento, aceito como realidade no universo umbandista, é que surgem os esteriótipos, tais como, a de um médium adulto, vestido de fraldas, sentado no chão, nú da cintura para cima, com uma chupeta na boca, segurando uma mamadeira em uma das mãos e um brinquedo na outra. Ou então, encontramos médiuns femininas incorporando crianças (meninas pré-adolescentes), com o esteriótipo de pomba-giras, insinuando-se e falando de amarrações e sexo, só porque já estão entrando na fase da explosão hormonal, com certeza os hormônios, nesse caso, são os espirituais.
Seguindo essa mesma linha de padronização, o preto-velho é um escravo, que tem que falar errado o tempo todo, que certas orientações e conceitos ele jamais pode pronunciar, pois como oriundo da senzala e sem nenhuma instrução formal, ele não passa de um analfabeto e inculto. O caboclo então, nem se fala. As pomba-giras, coitadas, tem que ser todas mulheres da vida, prostitutas, que continuam a realizar as suas orgias, agora no mundo espiritual, com os exus, que além de serem o diabo em pessoa, ainda são verdadeiros garanhões.
Realmente, tenho que as vezes, concordar com os nossos detratores… Sim, de fato somos uma cultura de periferia, cujos os adeptos são pobres, incultos, analfabetos e sem o mínimo de instrução!
Por favor, me poupem e me economizem!
Esse estado de coisas não pode mais perdurar na Umbanda. Temos que quebrar essa barreira de estagnação que habita em nosso seio e impede a compreensão do poder da Lei chamada EVOLUÇÃO.
Somos umbandistas, porque queremos nos encontrar com o Sagrado, desejamos evoluir espiritualmente, colaborar com a Obra Divina, com a formação de uma consciência planetária superior, saindo desse ciclo de provas e expiações e assumindo definitivamente a nossa cidadania espiritual universal.
Não podemos e nem devemos mais continuar a repassar mitos e lendas, estórias da carochinha, conversas para boi dormir, o saci, o capeta e a fada do dente. Não devemos mais nos render aos vícios de comportamento, nem a crenças dogmáticas.
A Umbanda está muito além do movimento umbandista, e esse se perde no emaranhado de sua estaticidade produzida, por nós mesmos, os que se dizem umbandistas e que deveriam ter um sério compromisso com o estudo doutrinário, a ciência, a filosofia e os conceitos religiosos existentes na nossa religião e propagados pelo mundo espiritual através das entidades trabalhadoras afins.
Vamos falar claramente sobre mediunidade?
  1. A mediunidade é uma benção, uma misericórdia divina, uma ferramenta ou instrumento de comunicação entre o plano dos espíritos desencarnados e o dos espíritos encarnados (nós, os terráqueos).
  2. É uma benção e uma misericórdia, pois ela é uma adaptação das faculdades, que nós mesmos perdemos a milhares de anos atrás, quando abusamos das leis universais. Nessa época tinhamos a faculdade da visão e audição direta com o plano espiritual e não precisávamos de intermediários para tal função. Sem entrar no detalhamento do motivo que levou a perca de tais faculdades, precisamos saber somente que, após perdê-las, o mundo espiritual proporcionou a humanidade essa possibilidade de contato, através dos canais mediúnicos. Determinadas modificações no psiquismo humano gerou a mediunidade.
  3. A mediunidade é algo complexo, que envolve delicados fatores para a existência do processo de suas manifestações.
  4. O primeiro deles é a necessidade da existência do psiquismo de um ser encarnado. Sem esse campo de atuação não existe mediunidade. Ou seja, sem o médium, não é possível a manifestação mediúnica de qualquer espécie. Parece uma coisa óbvia, mas parace que as pessoas esquecem dessa obviedade ao analisar, criticar e classificar um médium ou a mediunidade alheia.
  5. A segunda é que, no caso da incorporação e discorreremos nesse artigo somente sobre este tipo de mediunidade, necessário se faz a existência de uma entidade espiritual, nesse caso, um ser totalmente a parte do médium. Temos, claramente, a interferência de uma individualidade em outra. Acontece que a entidade não entra no corpo do médium, nem tão pouco anula a individualidade que ocupa, como muitos acreditam.
  6. Se não existe anulação da individualidade do médium, queremos dizer com todas as letras que não existem médiuns inconscientes. Repito: NÃO EXISTEM MÉDIUNS INCONSCIENTES!
  7. Afirmo isso, sem constrangimento nenhum, pois na acepção do conceito que se disseminou no mundo mediúnico é que na dita mediunidade inconsciente, não existe nenhuma interferência do médium, e a tão falada inconsciência ainda serve para credibilizar a manifestação mediúnica e por consequência o próprio médium.
  8. Como não existe interferência, se o psiquismo e portanto, a individualidade do aparelho mediúnico continua a existir e logo a se manifestar no laço médium e entidade espiritual?
  9. Sim, é claro que evidentemente podem acontecer lapsos de memória, problemas de solução de continuidade, vazios, trechos sem definição clara, passagens desconexas e um despertar mediúnico com lembranças que mais parecem um sonho, que não se consegue recordar direito, no entanto, no exercício da mediunidade o psiquismo do médium está plenamente atuante. Afinal, a entidade precisa desse psiquismo ligado para poder atuar.
  10. Em outras palavras e levando em consideração as devidas proporções, para você ler esse texto eu precisei de um software (psiquismo) chamado processador de texto, para que o computador (médium) conseguisse formatar este artigo e você (consulente) pudesse interagir comigo (entidade espiritual). Ora, eu somente pude formatar esse texto na forma, como você está lendo, com esse tipo e tamanho de fonte de letra, como essa cor etc., porque encontrei um processador de textos (psiquismo) que me permitiu fazê-lo. Um processador mais simples, talvez não me permitisse colorir o texto. Portanto, a capacidade e o conhecimento encontrado no psiquismo do médium é que possibilita a entidade a qualidade de sua manifestação.
  11. Desenvolvimento mediúnico é nada mais, nada menos, do que proporcionar ao médium condições dele se tornar um fiel tradutor da manifestação das entidades que ele incorpora. O médium é um filtro para manifestação da entidade, quanto menos impurezas (interferências) este filtro tiver, mais fiel será a manifestação da entidade espiritual. A inconsciência, colocado sob este ponto de vista, é diretamente proporcional a capacidade de fidelização do médium para a comunicação do guia espiritual.
  12. Outro fato, que muita gente esquece ou não percebe, é que a entidade não fala diretamente através do médium, já que não existe posse. A linguagem do espírito é o pensamento, logo a entidade transmite o seu pensamento para o psiquismo que está interagindo e o médium então catalisa essa informação e repassa para frente. Esse processo é ato contínuo e a catalização seu principal segredo. Devemos lembrar sempre que a entidade depende do médium e de seu psiquismo e que também estamos falando de um processo sutil e delicado em que energias espirituais estão atuando como facilitadores para a prática mediúnica. Sim, próximo ou longe do seu aparelho mediúnico, a entidade realiza diversas ligações energéticas com o corpo espiritual do médium para poder tanto manifestar seus pensamentos, como para caracterizar sua personalidade espiritual.
  13. Ao contrário do que todos pensam, o médium deve procurar estudar e ter conhecimentos suficientes para exercer a sua mediunidade, já que a entidade se utiliza desta cultura pré-existente no psiquismo do médium, inclusive dos arquivos inconsicentes do mesmo (experiências vivenciadas em outras reencarnações) para formatar um diálogo fiel ao que deseja transmitir ao consulente. São evocados lembranças, conhecimento arquivados na memória, mas já esquecidos, enfim, uma gama de facilitadores que proporcionem uma sintonia fina entre entidade e médium.
  14. Uma entidade espiritual, na maioria das vezes, está em um estágio evolutivo superior ao médium que incorpora, senão for o caso, pelo menos está atuando em um plano menos limitador, que permite mais liberdade de ação e conhecimento. Construir uma ponte que facilite essa interação fiel, entre um psiquismo e outro é o desafio que a mediunidade impõe a ambos (médium e entidade). As dificuldades são enormes: individualidades e psiquismos diferentes, planos existenciais separados por uma barreira dimensional e distanciamento evolutivo são algumas dessas variáveis, que colaboram para transformar a mediunidade em um processo complexo, sutil e misterioso. Quanto mais potente, reforçado por conhecimentos e cultura for o psiquismo do médium, melhores serão as condições para se produzir interações de qualidade. Não é regra, mas tem seu peso e deve ser levado em consideração.
  15. Ao falarmos em psiquismo, estamos usando outra forma de denominação, para o que comumente, se chama animismo. Animismo, na mediunidade é a participação da inteligência encarnada nas manifestações espirituais. Em outras palavras, é a contribuição do próprio médium no exercício da sua mediunidade. Considerado um estigma por muitos, e transformado ao extremo como mistificação, essa contribuição, como vimos é real e o espírito manifestante, precisa e faz pleno uso dessa faculdade ao qual, no meu entender, é melhor conceituada com o termo psiquismo. Anismismo/Psiquismo, não é crime de lesa mediunidade, é necessidade inerente ao processo de manifestação mediúnica. O psiquismo, pode ser comparado ao períspirito da mediunidade, é a base com o qual a entidade trabalha para gerar a manifestação de seus pensamentos, desejos e vontades. É o meio que possibilita a expressão da entidade na matéria.
  16. Um último fator que deve ser levado em conta é a famosa padronização dos processos de incorporação. Os espíritos que trabalham na corrente espiritual da Umbanda, se utilizam da roupagem fluídica de caboclos, preto-velhos e crianças, entre outros, não porque, necessariamente, um dia já foram índios, escravos e crianças, mas sim porque essas roupagens representam os arquétipos (modelos) para apresentação dos Mestres da Fortaleza (caboclos), da Pureza (crianças) e da Sabedoria (pretos-velhos). Exús/Pomba-giras, porque se faz necessário uma roupagem mais densa para cumprirem os seus papéis de agentes da justiça kármica e frenadores (repressores) de demandas e magias nos círculos espirituais em que atuam. Para se ter apenas uma idéia, todos os espíritos que se utilizam da roupagem fluídica de crianças são espíritos adultos, e que resolvem se manifestar como crianças, por se afinizarem com o trabalho e o modelo de Mestres da Pureza.
Acreditamos que conseguimos levantar um pouco do denso véu que recai e transforma a mediunidade em algo misterioso e ao mesmo tempo difícil de se lidar.
Devemos estar sempre alertas, para o fato que tanto nós como as entidades espirituais convivem e somos consequência da nossa pluralidade de existências. E que também estamos sob a vigência da Lei Maior chamada EVOLUÇÃO. Por conta disso, nada, mas nada mesmo pode ficar estático, impenetrável, insolúvel, misterioso e incognoscível (que não se pode conhecer) no Universo. Impenetrável, insolúvel e incognoscível, somente Deus.
Respeitemos, pois, a mediunidade alheia.
Não sejamos críticos daquilo que não podemos garantir em nós mesmos.
Não menosprezemos o trabalho alheio, para mais tarde não sermos nós os menosprezados.
Por maior que seja a nossa certeza e fidelidade (inconsciência) mediúnica, lembremos que amanhã podemos nos deparar com uma situação completamente nova que não consigamos catalisar direito.
Para isso é que existe uma máxima que diz: médiuns desenvolventes somos todos, para sempre.
Divaldo Franco, o grande orador espírita, um dia deixou de estudar o tema escolhido para ele ministrar uma palestra, por que tinha certeza, que nessa hora um espírito se aproximaria dele e lhe inspiraria. Chegado o momento, chamado ao púlpito, com centenas de pessoas a frente, Divaldo se desesperou. Nada de espírito algum se manifestar, e como ele não tinha estudado, nem dele mesmo conseguiria proferir algo sobre o tema em questão. Quando seu silêncio estava se tornando constrangedor  sua instrutora espiritual Joanna de Angelis lhe apareceu e chamou a sua atenção. Aquele seria a última vez que Divaldo seria ajudado por um espírito se ele não estudasse os temas das palestras antes de efetuá-la. Além de proporcionar o seu aprendizado individual, estudar os temas, permitem a Divaldo, criar um arquivo em seu psiquismo para facilitar a comunicação do espírito instrutor e na formação da concatenação das idéias a serem transmitidas.
Diante de fatos como esses, eu prefiro que meus conhecimentos sejam, como já foram tachados, originados de livros e internet, pelo menos eu estudei e pesquisei bastante; que eu seja um médium que não está com nada e que cometa gafes e ratas no exercício da minha mediunidade, eu prefiro estar em constante desenvolvimento e aprimoramento mediúnico, ou como já disse Raul Seixas, “Eu prefiro ser, essa metamorfose ambulante”.
Agradeço a todas as entidades que escolheram trabalhar com este médium (falho e cheio de defeitos), com certeza, elas sim, acreditam na minha capacidade e estão satisfeitos com os resultados que alcançam.
Em resposta a todas as críticas a minha mediunidade, digo apenas o seguinte: os cães ladram e a caravana passa.

PAI CAIO DE OMULU
Fonte:umbandasemmisterio.blogspot.com.br

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Mediunidade



O dom da mediunidade não é especial e exclusivo dos espíritas, razão pela qual vemos, freqüentemente, adeptos de outras religiões e indivíduos sem religião alguma demonstrarem a posse de faculdades mediúnicas, embora não compreendam nem interpretem corretamente as ocorrências de caráter mediúnico verificadas em seu ambiente. Ignorando a natureza de sua sensibilidade nervosa, emprestam-lhe açodadamente origem patológica, quando deveriam examiná-las com maior serenidade, a fim de situá-las na classificação adequada e correta. Conhecemos pessoas, inegavelmente portadoras de mediunidaade, que acham graça e sorriem com descrença quando se lhes diz que são médiuns. Entendem que isso é impossível, por incompatível com o credo a que estão ligadas. Em virtude desse grave erro de apreciação, algumas se vêem, em determinadas ocasiões, envolvidas por perturbações caracteristicamente psíquicas, oriundas da mediunidade retida, contida por preconceitos, mas que poderá de um momento para outro expandir-se, até mesmo com conseqüências dignas de cuidado.

A "retenção da mediunidade" constitui ameaça à segurança do médium, antena que ele é, suscetível de atrair e captar ondas de força psíquica, impedindo, por falta de desenvolvimento, que essas ondas sejam distribuídas naturalmente, numa como que operação de descarga fluídica, necessária ao equilíbrio psíquico do médium. A acumulação de força psíquica exige o trabalho de dispersão metódica capaz de não perturbar esse equilíbrio, o que seria problemático no caso de se verificar uma expansão descontrolada da energia acumulada. Eis por que tanto é indispensável que o médium se desenvolva e exerça metodicamente seu mister, como que evite trabalhar em excesso, para não prejudicar a saúde e a mediunidade. É essencial que haja sempre harmonia, isto é, equilíbrio. A "retenção da mediunidade" provoca uma sobrecarga no sistema nervoso, responsável por certas atitudes irrefreadas.

Os recalques e complexos, tão citados, por figurarem na nomenclatura de um método de psicologia que vai passando de moda, podem também ter como causa a "retenção da mediunidade". Para se imaginar a pressão suportada pelo sistema nervoso, em virtude da força psíquica retida e desaproveitada, imaginemos o que sucede a uma represa, cujas águas forçam as margens à medida que vão crescendo, ameaçando romper-lhe as paredes e a comporta que impede sua liberação. Quando isto se verifica, é de se temer a violência da irrupção das águas, capaz de destruir tudo quanto se lhe antepuser. Certos casos de desequilíbrio mental decorrem da falta de desenvolvimento mediúnico, da ausência de emprego metódico da força psíquica acumulada pelo médium. Em vez de o Espiritismo ser, como seus gratuitos inimigos soem dizer, causa de loucura, a verdade é que ele evita a loucura, desde que o médium observe atentamente o regime estabelecido em "O Livro dos Médiuns", de Allan Kardec, desenvolvendo dia-a-dia sua capacidade mediúnica e aprendendo, assim, a controlar e aplicar utilmente a força psíquica que recebe e acumula.

Temos insistentemente, podemos dizer mesmo - impertinentemente - chamado a atenção de pessoas que possuem mediunidade em estado latente e de médiuns incipientes, para a conveniência de se exercitarem com método, sob as vistas de um orientador experimentado e criterioso. Quase sempre o médium é refratário a ponderações nesse sentido e avesso à disciplina necessária à consecução do êxito. Outros, ainda não pertencentes à comunidade espírita, supõem que é o proselitismo que nos faz admitir a existência de sua mediunidade ou que se pretende fazê-lo abandonar a religião em que se encontra para adotar a religião espírita. Puro erro. Se o indivíduo desconhece ser portador de mediunidade e se mostra indiferente, por preguiça mental, ignorância ou aversão ao Espiritismo, a situação se agrava, pela dificuldade de se lhe oferecer defesa e não nos surpreendemos sempre que vemos alguém assediado por agitações nervosas e distúrbios que se definem como procedentes da "retenção da mediunidade".

Quem estuda a Doutrina Espírita sabe a que perigos está exposto o médium negligente ou ignorante dos meios de defesa contra a ação de Espíritos malévolos. Não são poucas as pessoas que, embora reconhecendo ser médiuns, fogem da tarefa que os aguarda, porque a consideram sacrificante. Entretanto, quanta beleza há no trabalho mediúnico, principalmente no campo da caridade! Há os que preferem os prazeres mundanos, as frivolidades, ao esforço que beneficia sua personalidade espiritual. Felizmente, outros, conscientemente voltados para os deveres, consideram sagradas as horas do exercício de sua mediunidade. Chova ou não, comparecem pontualmente às sessões e experimentam sincero contentamento em concorrer para o bem de outrem. Estes são os médiuns verdadeiramente integrados na Doutrina Espírita. Aceitam e executam suas obrigações, absolutamente convencidos da natureza elevada de seu trabalho, porque a mediunidade quase sempre pode ser interpretada como incumbência aceita antes da reencarnação, e que deve, por conseguinte, ser integralmente satisfeita.

O bom médium mantém o equilíbrio a que já nos referimos. Não se deixa fanatizar, porque encontra no estudo da Doutrina Espírita a orientação que precisa seguir. Afirmar-se que alguém é ou não médium, semelha arrojada assertiva. Como podemos negar que tal ou qual indivíduo não seja médium, se a mediunidade se reveste de inúmeras características? O fato de não se verificar o transe ou de não serem percebidas certas vibrações não quer dizer que não haja mediunidade. "Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns" ("O Livro dos Médiuns" Cap. XIV). A mediunidade não é um prêmio concedido ao Espírito encarnado, mas uma oportunidade oferecida para que ele alcance mais depressa a evolução colimada, através de tarefas que demandam boa vontade, perseverança, devotamento, renúncia e conduta fraterna.

Na maioria dos casos, o Espírito reencarna porque ainda tem débitos a amortizar ou resgatar. Nestas condiçõcs, a mediunidade é um compromisso de trabalho que, devidamente cumprido, permitirá a conquista de melhores níveis espirituais. Cada boa ação pode ser um "bônus-crédito", como aqueles de que nos falou André Luiz. Fácil se torna compreender a importância de uma conduta moral elevada do médium. Uma vida terrena sóbria, tanto quanto baseada nos ensinamentos evangélicos, oferece encantos incomparáveis. Supor-se a desnecessidade do amparo evangélico é lamentável equívoco. O médium pode trabalhar sem orientação evangélica, mas não encontrará jamais o amparo e a segurança que têm aqueles que se colocam sob as normas do Bem, tão bem expostas por Jesus.

Fora de dúvida, o exercício da mediunidade e o grau deste podem prescindir também do valor moral do médium, mas a verdade incontestável é que o médium de vida moral irregular e inferior jamais poderá equiparar-se ao médium de vida moral limpa e fiel aos princípios evangélicos. Um poderá encontrar escolhos intransponíveis e ver malogrados os seus esforços, enquanto que o outro se sentirá fortemente amparado pelas forças superiores do Invisível.

Ninguém é médium por acaso, ninguém exerce a mediunidade sem responsabilidade. O estudo da Doutrina Espírita, hoje, amanhã e sempre, porque há sempre o que aprender, por mais que leiamos, é a bússola do médium. A mediunidade é um ponto de referência no Além e, consoante a Lei das Afinidades, poderá o médium atrair forças benéficas e, portanto, positivas, ou forças maléficas e, conseqüentemente, negativas. O bom exercício das tarefas mediúnicas oferece compensações morais e espirituais indescritíveis, o que não sucede quando as tarefas são abandonadas ou negligenciadas, mal cumpridas ou realizadas com propósitos inferiores.

Indalício Mendes

segunda-feira, 24 de junho de 2013

ORAÇÃO A XANGÔ

Em homenagem a Sra. Mercedes Fatima Porto, Médium dirigente do Centro de Umbanda Cacique Urubatã e São Cipriano.
Que Zambi a proteja e ilumine sua Coroa Sagrada, hoje e sempre.




ORAÇÃO A XANGÔ

Ao meu pai Xangô, 
eu peço na benção de Oxalá
que atenda às minhas palavra
que ouça meu coração por amor a Orumilá
Ao meu pai Xangô, eu peço a sua misericórdia
e proteção para minha vida.
Ao meu pai Xangô,eu peço que seja digno
de carregar em minha vida
a sua proteção,a sua benevolência
e sua força.
Ao meu pai Xangô,eu peço que abra os meus caminhos
e que eu consiga enxergar em minha alma, as imperfeiçoes
que não me deixam enxergar a luz divina do Criador.
Que meu corpo e meu espírito, sejam curados pelos seus ensinamentos Divinos .
Ao meu pai Xangô,pela minha verdadeira fé e devoção.
eu peço que ouça minhas palavras
e que eu, seja digno de seu perdão

terça-feira, 4 de junho de 2013

Pantera Negra - Exu ou Caboclo?







Por Ras Agdeabo, retirado do Jornal de Umbanda Sagrada

No rico universo místico da Umbanda, existem entidades pouco conhecidas e estudadas. Com o tempo, é natural que algumas delas sejam esquecidas por nós. Uma delas é Pantera Negra, celebrado por uns como caboclo e por outros como exu.

Seu Pantera era mais conhecido pelos umbandistas de antigamente, quando muitos terreiros eram de chão batido, caboclo falava em dialeto, bradava alto e cuspia no chão.
Nas sessões ele comparecia sempre sério, voz de trovão, abraçando bem apertado o consulente que atendia. Não gostava muito de falatório, queria mesmo é trabalhar.

O tempo foi passando e raramente o encontramos nos centros, tendas e outros agrupamentos de nossa Umbanda. Aonde terá Seu Pantera ido ?

O falecido Pai Lúcio de Ogum (Lúcio Paneque, de querida memória), versado nos mistérios da esotérica Kimbanda, que se diferencia da popular Quimbanda e está distante da vulgar Magia Negra, dizia que Pantera Negra era chefe de uma Linha de Caboclos que atuam na Esquerda.

Estes caboclos, explicava Pai Lúcio, eram espíritos oriundos de tribos brasileiras muito isoladas e desconhecidas, ou de tribos das ilhas do Caribe, Venezuela, México e mesmo dos Estados Unidos.

Índios fortíssimos, arredios e alguns até brutos, às vezes gostam de marcar seus "cavalos", ordenando que coloque na orelha uma pequena argola e no braço uma espécie de pulseira de ferro.

Ainda costumam receber suas oferendas em encruzilhadas na mata, na vizinhança de uma grande árvore. Podem ser assentados em potes de barro com ervas especiais, terra de aldeia indígena e outros elementos secretos, que são consagradas por sacerdotes iniciadas nos mistérios destes espíritos. Pai Lúcio ainda dizia, que a maioria dos médiuns destes caboclos são homens.

Os mais conhecidos, além de Pantera Negra, são : Caboclo Pantera Vermelha, Caboclo Jibóia, Caboclo Mata de Fogo, Caboclo Águia Valente, Caboclo Corcel Negro e Caboclo do Monte.

Alguns irmãos umbandistas conhecem estes trabalhadores astrais, com o nome de Caboclos Quimbandeiros.

Pantera Negra aparece como caboclo e exu, mesmo fora da Umbanda. Na região Sul do Brasil, principalmente, o encontramos dentro de um grupo muito especial, chamado de Caboclos Africanos.

Ali ele se manifesta com o nome de Pantera Negro Africano, ao lado de Arranca-Caveira Africano, Arranca-Estrela Africano e Pai Simão Africano, entre outros. A maneira de atuar destes entes é muito parecida com a dos Caboclos Quimbandeiros, sendo confundidos com freqüência.

Alguns adeptos e médiuns que trabalham com estas entidades, acreditam que é o mesmo Pantera.

Porém Seu Pantera Negra vai além. Seu culto é encontrado nos Estados Unidos e no Caribe, como tive a oportunidade de conhecer, dentro do Xamanismo Nativo, Santeria Cubana (ou Regla de Ocha) e Palo Monte.

Lembro de David Lopez, um santero de Porto Rico. Quando ele fez dezesseis anos, sua tia, Dona Carita, o levou a uma festa de Orixá e ali ele desmaiou. Aconselhado por um babalawo, David resolveu fazer o santo. Antes da iniciação a seu Orixá, como de costume no Caribe, foi celebrado um ritual em honra aos ancestrais (eguns). Na celebração, incorporou em nosso amigo um espírito de índio bravíssimo... Batia muito no seu magro peito e vociferava como se estivesse em uma guerra. Quando foi pedido o seu nome, disse o indígena : sou Pantera Negra !

Vi o mesmo tipo de transe aqui no Brasil, em raros médiuns de Seu Pantera, como o querido irmão Mário (Malê) de Ogum, sacerdote umbandista.

No Haiti ele é conhecido como Papa Agassou (Pai Agassou) e aparece como uma negra pantera e não mais como índio.
A tradição considera que ele veio da África, da região do antigo Dahomé, onde era celebrado como totem e protetor da Casa Real. O primeiro nobre desta linhagem, contam os mais velhos, foi um homem-fera, pois tinha pai pantera e mãe humana.

Agassou é muito temido, pois é profundamente justo e não perdoa os fracos de caráter. Poucos médiuns conseguem suportar a incorporação dele ou de outros espíritos da família das panteras. É necessário muita preparação, firmeza de pensamento e moralidade. Do contrário, e isto realmente acontece, o médium começa a sangrar muito durante a incorporação. É terrível.

Em outras ilhas do Caribe, também encontramos seguidores de Pantera Negra. Alguns o invocam como espírito indígena e outros como uma força africana, meio homem, meio felino.
No Brasil, ouvi as mesmas recomendações de pessoas que cultuam ou trabalham com Pantera Negra. Pai Lúcio me disse, que os aparelhos de Seu Pantera não costumavam beber, falar demais ou serem covardes. Eram disciplinados, verdadeiros guerreiros modernos.


Fonte:www.genuinaumbanda.com.br


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